Os Frutos do Arrependimento

Paulo Carvalho - Reunião de Líderes – Outubro/2012
Como já diz o título acima, gostaria de falar sobre os frutos do arrependimento. Sobre as atitudes que devem ser tomadas pelos que estão arrependidos, se é que houve um genuíno arrependimento; falar sobre as ditas "conseqüências naturais" do arrependimento. O que, pelo que tenho observado, normalmente não está ocorrendo em algumas de nossas igrejas. Pelo menos não da forma como aprendi e procuro ensinar.

Para que haja uma correta compreensão do que vamos analisar, preciso explicar o que é o arrependimento com uma definição simples, o arrependimento é uma mudança de atitude. Na linguagem do Novo Testamento, a palavra se refere a alguém que muda de atitude, desiste do pecado e se volta para Deus. Arrependimento é, em suma, a atitude de alguém que desiste de pecar. 

Enquanto arrependimento em si mesmo é uma mudança de atitude, ele também exige uma mudança na conduta da pessoa. João Batista instruiu os fariseus, saduceus, publicanos e soldados romanos quando foram ouvir seus ensinamentos: "Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento" (Mateus 3:8). Uma pessoa que realmente mudou de atitude com respeito ao pecado manifestará essa mudança em suas ações. 
Uma pessoa que realmente se arrependeu do pecado não vai continuar a andar de acordo com a carne. As obras da carne serão substituídas pelo fruto do Espírito na pessoa que saiu do pecado para servir a Deus (Gálatas 5:19-26). 
Dadas as explicações acima, entendo o arrependimento como sendo um processo que, necessariamente, envolve três fases: a tristeza (II Cor.7:10), a repugnância pelo ato praticado (Mt.26:75), e a fé (Rm 1:17b).

Até onde entendo nós não nos arrependemos de uma atitude correta, mas do pecado, ou seja, do que é errado, do que é desagradável aos olhos de Deus. Se a atitude praticada for errada, um sentimento de tristeza irá se apoderar de nós; esta é a primeira fase. E aqui praticamos um risco muito grande e grave: fazer o que fere o coração de Deus, crendo que é uma coisa agradável a Deus. Um outro risco igual  que cometemos: fazer o que fere o coração de Deus e não reconhecê-lo. Isto é, preferir fazer o que fere o coração de Deus, e justificar, explicar, racionalizar, fundamentar a nossa atitude.

A segunda fase, vamos assim dizer, é uma sensação de repugnância pelo ato praticado. Uma certa dose de culpa, tipo: "como é que eu pude fazer isto?". Muito pouco adianta reconhecer que estamos fazendo o que fere e magoa o coração de Deus, se estivermos gostando do que estamos fazendo.

A terceira fase é a fé. Precisamos crer no perdão, no amor, e, principalmente, nas promessas de Deus constantes na Bíblia. Daí a importância do conhecimento bíblico. Precisamos crer no perdão de Deus, crer nas promessas de Deus, crer no amor e na misericórdia de Deus, crer na Palavra de Deus de forma integral e total.
Com essa explicação já podemos continuar com o objeto da mensagem deste estudo: os frutos do arrependimento.

Atualmente, nas igrejas, há uma certa... "resistência", vamos dizer assim, para que tais frutos sejam produzidos. Isto é, as pessoas talvez até reconheçam que fizeram algo errado, sentem-se tristes com isso, pedem perdão, e creem no perdão de Deus. Mas deixam as coisas como estão. Não procuram limpar a sujeira que fizeram, e nem desfazer, consertar o erro, ou minimizar as suas conseqüências. Estão entendendo aonde quero chegar com isso? Se erraram, deveriam retratar-se. Coisas desse tipo.

Gostaria de fazer uma pergunta muito importante: o arrependimento sem frutos é um arrependimento eficaz?

Não podemos deixar de pensar nas hipóteses em que não se é possível reverter as conseqüências de alguns atos. Mas quando é possível reverter, ou fazer alguma coisa para minorar, minimizar essas conseqüências, se não o fazemos, houve um genuíno arrependimento (Tg 4.17)? 

Saber que fizemos uma coisa errada, cujas conseqüências podem ser revertidas, ou, no mínimo minoradas, sem que algo seja feito nesse sentido, implica necessariamente na conclusão de que não houve um arrependimento genuíno.

Arrependimento é uma parte essencial do que Deus exige para nossa salvação. Sem arrependimento, ninguém será salvo do pecado e suas terríveis conseqüências. Então como líderes é nosso dever observar o comportamento de algumas pessoas que não mudam.  Vão à frente em uma reunião e pedem perdão, muitas das vezes pelo mesmo erro praticado, não sendo a primeira, nem a segunda, ou a terceira vez, e assim por diante, como vem acontecendo em nossas igrejas, e nada é exigido delas. 

Irmãos, nós não temos a onisciência de Deus para saber se o que alguém disse quando se arrependeu foi verdadeiro ou não.  E isto é um fato, mas as Escrituras e a própria experiência nos ensinam que pelos frutos que alguém produz podemos ter essa certeza. Jesus falou das diferenças entre as boas e as más pessoas, e disse ". . . pelos seus frutos os conhecereis" (Mateus 7:20).  Então, vamos confiar nas Escrituras e tomar uma atitude em tais casos. Deus nos ajude!